Hoje, na primeira hora do meu dia de trabalho falei com uma mãe, pareceu-me uma boa mãe, que no dizer da própria “se sacrifica muito pelos filhos” e que “faz tudo por eles”.
Esta mãe mostrou-se prudente, evitando usar palavras incómodas como “querida ou querido” ou outras, perigosas (por serem indiciadoras de sentimentos possessivos), como “meu ou minha”. Esta mãe tem medo, medo de se expor ao ridículo, medo de se expor, ponto final. Projecta o seu amor nos filhos, ao contrário, como se esse amor fosse (só) traçado de lá para cá, dos filhos para a mãe.
Após a conversa lembrei-me de vocês, amigos Coiratos, lembrei-me de nós.
E concluí (de forma, bem sei, muito pretensiosa) que o que nos une nesta cumplicidade é o amor pelos nossos filhos, um amor que se estende de cá para lá, de nós para eles, é um sentimento completo, eterno e incondicional, que afasta qualquer sensação de abnegação e nos permite não calar afectos e empregar todas as palavras, mesmos as mais incómodas ou perigosas.
E é isto. Hoje lembrei-me de vocês.
7 comentários:
Querida douta e sábia Farinha, que curiosa que é a tua reflexão ...
Tens razão, hoje em dia as pessoas parecem viver “o mundo ao contrário”, em tantas coisas, e também na relação com os filhos. E esse amor que tu tão bem descreves, "traçado de lá para cá", que leva as pessoas a fazer sacrifícios tantas vezes injustificados, assusta-me, porque é quase sempre paralisante e impeditivo de crescimento.
Todos os dias sinto que ser mãe é um desafio maravilhoso e muito responsabilizador. Que não há receitas para educar e ajudar a crescer.
Há algum tempo recebi um e-mail com uma história curiosa, de uma velhota que lançava sementes da janela no seu trajecto diário de autocarro, para que um dia, flores florissem à passagem do mesmo.
Penso que queremos de tal forma tudo controlar, que por vezes nos esquecemos que o nosso papel como pais é somente este, o de lançar sementes, e esperar que as mesmas cresçam e germinem o mais harmoniosamente possível, num amor “traçado de cá para lá, que não cala afectos e emprega todas as palavras, mesmo as mais incómodas e perigosas”.
Gostei mesmo muito da tua reflexão.
Nota: O que é que aconteceu ontem para ficarmos tão lamechas? Terá sido da(s) passa(s) da Ma(t)raca Orange?
Pela 1ª vez vou escrever algo neste blog e logo sobre uma reflexão tão profunda.
Concordo com as vossas palavras e mais acrescento, ninguém têm a fórmula perfeita para viver esta vida, seja para ensinar os nossos filhos ou simplesmente para VIVER.
De uma coisa porém tenho a certeza,
cada vez mais andamos nesta montanha russa cheia de altos e baixos, chamada vida, a uma velocidade louca e quer queiramos quer não, temos(pelo menos eu sinto isto!) que acompanhar o ritmo dela, porque senão ficamos pata trás.
Só espero que nesta viagem vá tendo mais bocados como aqueles que passo com a minha familia e com fins de dia como os que têm acontecido com este grupo maravilhoso.
Obrigado por estes momentos altos nesta "montanha russa".
Amigo Coirato Hugo, depois de tanto te ter atazanado a cabeça por não blogares, não posso deixar de observar com agrado que finalmente inscreveste os teus comentários no blog dos coiratos (parece que os "ralhetes" da Maneiger sempre surtem algum efeito ...)
Pois é, a vida é uma montanha russa, e se às vezes caminhamos direitos, outras mais parece que andamos de cabeça para baixo (alguns de nós andam MESMO ...). Obrigada por contribuires para os bons momentos deste grupo - e não apenas com a tua voz!
SC (se não sabes o que é, terás de ler os comentários mais antigos)
Amiga Farinha
A tua reflexão de hoje está realmente muito profunda.Ser Mãe talvez seja o desafio mais difícil que temos de enfrentar.Não somos perfeitos, somos capazes de mover montanhas por eles, mas um simples sorriso quando os vamos buscar à escola nos transforma.Por isso tudo o que fazemos por eles é gratificante.
Como a Luísa diz as passas deveriam ter qualquer coisa.
SC
Coirato e camarada Hugo! Bem vindo à blogosfera! Fazia cá falta a tua presença!
Mas que reflexões importantes se fazem hoje por aqui...
Também me pus a pensar (aleluia) e cheguei à mesma conclusão que a Farinha: o amor vai sempre de cá para lá. Mas isto, a meu ver, aplica-se a tudo na vida, não é só aos filhos. Não se pode viver à espera de retribuições porque demos ou fizemos alguma coisa pelos outros. O mais certo na vida é não recebermos nada em troca. Mas o segredo, quanto a mim, é nunca nos desiludirmos ao ponto de deixar de dar. E o melhor que temos para dar aos nossos filhos é a nossa espontaneidade, a nossa alegria, a falta de medo do ridículo, a nossa persistência em querermos ser felizes... se nos afastarmos disto afastamos-nos dos nossos filhos também. E aí não há sacrifício que os traga de volta.
Os filhos gostam de nos ver rir, dar gargalhadas, fazer festas com os amigos, fazer caretas, dizer disparates, cantar para uma plateia de pais mortinhos por se juntarem a nós - mas sem coragem...
Farinha, essa mãe o que precisava era de ser coirata como nós!
Fiquem bem e não reflictam demasiado que pode dar azo a curtos circuitos (eu própria já me estou a sentir um bocadinho atordoada...)
SC
Mas que maravilha de post e de comentários!
Concordo inteiramente com a ma(t)raca azul: Os filhos gostam de nos ver rir, dar gargalhadas, fazer festas com os amigos, fazer caretas, dizer disparates, cantar para uma plateia de pais mortinhos por se juntarem a nós - mas sem coragem... essa é que é essa!
Por mais incrivel que pareça, os filhos só querem (e precisam) que sejamos nós próprios.
Quando eu ainda pensava que ser mãe era tarefa que se podia fazer com receita, fui a um seminário sobre as crianças e a disciplina (o nosso caro Zé Carlos - membro honorário do não sei quê - também assistiu)e, do que foi dito pelos brilhantes oradores (mega génios da psicologia e parapsicologia e outras ias afins) considero que o mais importante a reter foi: para sermos bons pais, só temos que ser pais suficientemente bons. Espontâneos e verdadeiros, digo eu.
Douta Farinha, obrigada por seres tão boa sistematizadora de conceitos e por partilhares isso com o resto dos fellow coiratos.
SC para todos.
Bom, decididamente as passas tinham rum ou qualquer coisa.
Mas afinal todos nos sentimos felizes em cada ensaio.
Por nós, por cada um e pela alegria antecipada das nossa prole.
Não há nada que mais goste do que estar com os meus "rebentos" a brincar, no chão, com o "Action Man" (que era meu), com as Pollys ou com os Pettyshops (Littlest Petty Shop).
Porque afinal educar os nossos filhos é sermos nós, sermos autênticos, sermos musicais ou mesmo desafinados.
E fazemos tudo isso por nós, por cada um e pelos nossos filhotes.
E por tudo isso saímos felizes de cada ensaio. Não sabemos se no "dia D" vai sair tudo bem.
Mas sabemos muito bem que nesse dia vamos todos estar bem. Estar felizes e estarmos a olhar para os nossos filhos. E eles vão estar deslumbrados a olhar para os pais a fazer coisas diferentes de "ir trabalhar para ganhar tostões", a rirem, a gostarem de estar ali por nós, por cada um e por eles.
E insistimos....
Bom, da próxima vez é melhor comermos nozes. As passas dão-nos nostalgias agudas :)
Saudações Coiratianas.
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